Excesso de velocidade é o que mais leva condutores à reciclagem

No Paraná, mais de 31,4 mil motoristas passaram pelo curso, Oeste conta com quase 4,5 mil


Políticas de educação no trânsito, blitzes e radares são alternativas para conter número de infrações 
Os abusos dos condutores de veículos têm lotado as salas de aulas dos cursos de reciclagem no estado do Paraná. A má conduta ao volante ou ao pilotar uma motocicleta já levou mais de 31,4 mil paranaenses ao Detran (Departamento Nacional de Trânsito) na tentativa de recuperar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Ao todo, 1.193 cursos foram realizados de janeiro a novembro deste ano no Estado. No Oeste, conforme os dados das Circunscrições Regionais de Trânsito, foram quase 4,5 mil infratores. O número deve ser ainda maior em função das autoescolas que oferecem o treinamento, mas ainda não foram contabilizadas pelo Detran.
Inúmeros são os motivos que levam o condutor à reciclagem, porém, de acordo com o Detran, a maioria é encaminhada às aulas em virtude do excesso de velocidade. Segundo o coordenador de Educação para o Trânsito do Detran-PR, Juan Ramon Soto Franco. “As infrações mais cometidas são de velocidade superior em mais de 50% da máxima permitida, que, inclusive não precisa nem de acúmulo de pontos, somente esse ato já é o suficiente para o condutor perder a CNH. A inconsequência dos jovens também é o que faz da faixa etária de 20 a 34 anos a que mais é encaminhada para o curso. São jovens impetuosos que não respeitam as leis de trânsito”, pontua.
A medida de suspensão do direito de dirigir é prevista no Código de Trânsito Brasileiro, caso o condutor atinja 21 pontos ao acumular infrações no período de 12 meses; caso seja condenado judicialmente por delito de trânsito, envolvimento em acidente ou cometa alguma das infrações que preveem suspensão. Dentre as infrações que levam o condutor direto à reciclagem estão: o próprio excesso de velocidade, conduzir motocicleta sem capacete ou com menor de sete anos na garupa, disputar racha, dirigir sob efeito de álcool, se evadir do local em caso de acidente ou não socorrer à vítima, além de outros.
O período de suspensão da CNH varia de um mês a um ano, conforme o histórico do condutor. Caso haja reincidência, o período da nova suspensão é de seis a 24 meses. “A reciclagem é uma parte da penalidade da suspensão do direito de dirigir. Com o curso, pretende-se sensibilizar e conscientizar o condutor sobre como ele deve ter responsabilidade no trânsito e, consequentemente, evitar acidentes e ter menos mortes nas vias”, avalia o coordenador. 
Reciclar conceitos
O curso tem duração de 30 horas e os alunos recebem conhecimentos de legislação de trânsito, direção defensiva, noções de primeiros-socorros e relacionamento interpessoal. No fim do curso, o estudante poderá reaver o direito de dirigir.
Conforme o coordenador de Educação para o Trânsito do Detran-PR, Juan Ramon Soto Franco, ao longo dos anos, o resultado da reciclagem tem sido bastante positivo, contudo há exceções. “Se falarmos da maioria que passa por essa experiência, percebemos uma grande sensibilização, realmente uma recuperação. Muitos, inclusive, reconhecem a importância do curso. Notamos que o cidadão consciente acaba realmente mudando sua atitude no trânsito. Porém, há ainda uma minoria, os chamados infratores costumais, que, por mais que façam reciclagem, não se reabilitam. São os inconsequentes. Geralmente, são aqueles do tipo que excedem a velocidade e não se importam. A maioria desses reincidentes é daqueles que cometem infração única que resulta na suspensão”, admite. Justamente por isso, as companhias de trânsito dos municípios e Polícias Rodoviária Estadual e Federal promovem inúmeras blitzes pelo Paraná, além de adoções de radares e melhoramento da sinalização. Espera-se que com essas iniciativas, combinadas a políticas de educação de trânsito, o número de infratores diminua.

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