A quinta-feira foi marcada por protestos em várias cidades em um ato
chamado Dia Internacional de Lutas contra a Copa, o 15M, em referência
ao dia de hoje, 15 de maio. Os gastos públicos com a Copa do Mundo foram
o principal alvo das manifestações, além das reivindicações de
categorias que estão em greve.Em São Paulo, cerca de 5 mil pessoas foram às ruas. Entre elas,
professores em greve, pedindo por incorporação de um bônus complementar
ao salário, a valorização profissional e melhorias nas condições de
trabalho. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Profissionais em
Educação no Ensino Municipal (Simpeem). No ato, houve participação
também de partidos políticos e movimentos sociais. Manifestantes e
policiais militares (PMs) entraram em confronto e foram usadas bombas de
gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Os confrontos começaram quando parte dos manifestantes começou a
fazer pichações e tentou invadir uma loja. Após a ação policial, o ato
se dividiu em vários grupos. Alguns seguiram o trajeto previsto e foram
em direção ao Estádio do Pacaembu. Outros foram em direção à Rua
Augusta, onde atearam fogo a sacos de lixo para fazer barricadas. Lojas e
agências bancárias foram depredadas. A PM deteve sete pessoas suspeitas
de danos ao patrimônio.
Em Brasília,
cerca de 200 pessoas ligadas ao Comitê Popular da Copa, ao Movimento de
Trabalhadores Sem Teto (MTST), a organizações sindicais e partidos
políticos foram à Rodoviária do Plano Piloto distribuir panfletos e
chamar a população para aderir aos protestos contra gastos com o Mundial
e violações de direitos humanos durante a preparação do evento.
Os manifestantes da capital federal fincaram, em frente do Estádio
Nacional Mané Garrincha, cruzes com os nomes dos operários que morreram
durante as obras. Em Salvador, cerca de 50 manifestantes também
carregaram cruzes semelhantes e se queixaram do gasto de dinheiro
público nas obras para o torneio da Fifa. Em Belo Horizonte, cerca de
mil pessoas foram à Praça Raul Soares protestar contra a tarifa de
ônibus, investimentos na educação e reajuste para servidores da
prefeitura.
No Rio de Janeiro,
cerca de mil manifestantes caminharam até o prédio da prefeitura.
Integrantes do Comitê Popular da Copa, atingidos pelas obras de
preparação do Mundial, movimentos, partidos políticos e ativistas
participaram do protesto contra violações de direitos humanos.
Profissionais da educação que estão em greve acompanharam parte da
passeata. Já os rodoviários, que encerraram a greve hoje, não se somaram
ao movimento. Os protestos foram organizados por meio das redes sociais. Os
movimentos estão programando outros atos até a Copa do Mundo, com temas
como saúde, educação, desmilitarização da polícia e direito das
mulheres.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho, disse que as manifestações não assustam o governo. Segundo
ele, os protestos são democráticos desde que os manifestantes não
recorram a atos de violência, e os atos têm apresentado demandas sem
relação direta com a Copa do Mundo. Os protestos, ressaltou Carvalho,
buscam “muito mais se aproveitar da oportunidade e apresentar
reivindicações que são legítimas, são naturais, mas que pouco têm a ver
com a Copa”. A opinião é semelhante à do ministro do Esporte, Aldo
Rebelo, que mais cedo disse que o foco das manifestações não é o
torneio.
Mais tarde, Carvalho disse que o governo federal não vai mais apoiar
nenhum dos projetos em tramitação no Congresso que aumentem as penas
para crimes cometidos durante manifestações. “Essa é a nossa posição,
nós vamos caminhar nessa perspectiva e temos confiança de que sairemos
bem lá no final”, disse, que esclareceu que a posição do governo mudou
após discussões internas e de consultas à sociedade.
Com informações da Agência Brasil
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