1 – O homem levou milhares de anos entre sair das cavernas e criar regras e instituições civilizadas. E por aqui tudo se apaga em três dias. A turba, irritada porque teve privilégios ameaçados, decide invadir o Parlamento e impedir, na marra, que as leis sejam votadas. Os partidos nanicos da esquerda funcionária e os derrotados na eleição de outubro aproveitaram a oportunidade para ressurgir das cinzas.
2 – Os movimentos sociais envolvidos na trama, inclusive os que não tinham nada a ver com as medidas de ajuste, usaram o que têm de melhor em seu marketing dos coitadinhos. Apresentam-se como injustiçados, como aqueles que merecem mais e lhes tiraram tudo. Funciona. Sempre funcionou.
3 – Os manifestantes mais violentos e usados na linha de frente da ocupação da Assembleia nem são professores ou servidores. São militantes de squadras de nítido pendor fascistóide mantidos por partidos nanicos de esquerda. Se não podem ganhar no voto, ganham na violência, é o dístico que acabou contaminando todo o movimento. Mesmo professores equipados com neurônios e cultura política entraram nessa. É a história antiga, desde os jesuítas, de que os fins justificam os meios.
4 – O governo exibiu em diversas áreas doses robustas de insensatez, baixa capacidade de avaliação do quadro e da correlação de forças. Superestimou a maioria na Assembleia. Subestimou a ferocidade do movimento social. Acreditou que era sincera a declaração de respeito mútuo da oposição através de deputados e líderes do movimento paredista. Ingenuidade fatal. A oposição, bem articulada dentro e fora da Assembleia, dominou a cena e fez tudo o que quis.
5 – A segurança da Assembleia foi pífia diante da massa que derrubou portões e cercas, invadiu a Casa, tomou o Plenário e submeteu os deputados a vários momentos vexaminosos, na condição de reféns da malta enfurecida que os desrespeitou de todas as maneiras. A segurança da Casa sempre será insuficiente para situações como essa.
6 – A Segurança Pública chegou tarde e sem capacidade para expulsar os invasores e proteger a Casa. Parte da força policial não obedeceu ordens, reconhecem os comandantes. Desde o início, a segurança externa era responsabilidade da Secretaria de Segurança Pública. Optou-se por acreditar que os manifestantes respeitariam as regras democráticas. A tentativa de furar o bloqueio que impedia o acesso dos deputados, colocando-os num camburão da Polícia Militar, foi a operação mais ridícula de que se tem notícia na história do Paraná. É motivo de chacota nacional. A cena emblemática de todo esse imbróglio.
7 – É de se esperar que toda a malta que tomou a Assembleia, espezinhou a democracia, impôs a sua vontade pela violência não contida por opção dos deputados e da própria Segurança Pública, volte a repetir o excesso sempre que se sentir contrariada em seus interesses, por mais mesquinhos que possam ser.
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