As pessoas com mais de 80 anos foram 12,7% dos que morreram de covid-19 em abril de 2021 até o dia 26. É o menor percentual desde o início da pandemia. Em dezembro de 2020, o grupo respondia por 28,6% das mortes. A proporção caiu pela metade desde que começou a vacinação no país, em janeiro.
O grupo com menos de 60 anos responde por 35,1% das mortes em abril. É o recorde na pandemia e a 1ª vez que essa faixa etária tem mais de ⅓ dos mortos. Em dezembro eram 21,6%. Houve alta de 13,5 pontos percentuais. Domingo Alves, professor da Faculdade de Medicina da USP–Ribeirão Preto, atribuiu a queda à imunização contra a covid. “A vacinação que foi mais amplamente feita foi nessa faixa etária“, diz.
Os dados mais recentes do Ministério da Saúde mostram que 3,9 milhões de pessoas acima de 80 anos tomaram a 1ª dose da vacina. Isso é 88% do objetivo de vacinação nessa faixa.
A vacinação daqueles com 60 a 79 anos está mais lenta (63,7% do grupo recebeu a 1ª dose, e parte significativa recentemente). Esse grupo responde em abril por 52,2% dos mortos.
Das 43.374 mortes em abril com dados que já podem ser analisados, 5.507 são de pessoas com mais de 80 anos. Se o padrão pré-vacinação continuasse, o Brasil teria mais do que o dobro, 12.404 das mortes de abril, nessa faixa etária.
Quando receberem a 2ª dose (só 46% dos acima de 80 anos já voltaram para ser vacinados), a tendência é que a diminuição nas mortes seja ainda maior. Outra razão para esperar queda é que parte dos mortos em abril foi contaminada antes, quando a cobertura vacinal era inferior à atual.
Márcio Watanabe, doutor em estatística e professor da Universidade Federal Fluminense, afirma que demora em torno de 40 dias do “início da vacinação do grupo etário e a gente poder ver algum efeito na curva de casos e na curva de óbitos desse grupo vacinado“.
“A medida que tempo passar, a gente vai conseguir verificar cada vez mais o efeito da vacina, principalmente nos idosos com idade mais avançada”, diz Watanabe.
Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, afirma que hoje a doença atinge mais os com menos de 60 anos. Segundo ele, isso também pode ter feito a proporção dos mortos com mais de 80 anos diminuir.
“Se a doença está atingindo mais jovem, vai ter uma proporção maior de jovens em relação aos idosos, o que não necessariamente pode traduzir em redução de mortes em idosos“, diz Kfouri. Segundo ele, é necessário analisar dados de incidência de mortes entre os idosos. Ou seja, se proporcionalmente ao total de idosos as mortes caíram.
METODOLOGIA
O Poder360 analisou 368.783 registros no banco de dados do SUS, atualizado em 28 abril de 2021. Só foram considerados os casos com informações completas sobre faixa etária e mês de morte.
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