A juíza substituta Érika Watanabe decretou o bloqueio de R$ 200 mil em bens do médico Delmar José Pimentel Júnior, lotado no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Ponta Grossa. Além do bloqueio, a Justiça decidiu que Delmar seja transferido para outra unidade de saúde, onde trabalhe sob supervisão. Segundo denúncia do Ministério Público do Paraná (MP), o servidor apresentava atestados falsos para faltar ao SAMU, enquanto atendia no Hospital São Camilo. Doente para o SAMU, mas saudável para o privado’, aponta MP

Para obter provas da ilegalidade, o MP contou com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Agentes do Gaeco monitoraram os passos de Delmar nos dias que ele não compareceu ao SAMU, sob alegação de problemas de saúde. “A análise deixou claro que na maioria dos dias em que o requerido apresentou atestado médico para trabalhar no SAMU, ele esteve durante o dia nas proximidades do Hospital São Camilo pela manhã e pela tarde, além de em uma oportunidade inclusive ter se deslocado a Carambeí após o horário em que deveria estar trabalhando no SAMU. ”

E continua:
“Note-se, Excelência, a prova coletada pelo Ministério Público indica que José Pimentel, por várias vezes, esteve ‘doente’ para trabalhar para o SAMU, mas nos mesmos dias, esteve em perfeito estado de saúde para cumprir a carga horária em seu emprego privado! Tal conduta ultrapassa a seara da razoabilidade e adentra no campo do abuso e do deboche para com o serviço público, especialmente no momento de pandemia em que vivemos”, escreve a Promotoria de Justiça.
Segundo escala do SAMU juntada ao inquérito, o médico deveria trabalhar apenas um vez por semana, em plantão de 12 horas. Mas, desde 2018, o MP contou 33 faltas de Delmar – 20 sob atestado e o restante sem qualquer justificativa. Conforme a escala, “a cada 04 faltas do requerido seria como se ele não tivesse trabalhado por um
mês inteiro, portanto 33 faltas corresponderiam a 08 meses sem trabalhar”.

O inquérito ainda menciona sindicâncias paralisadas na Prefeitura para apurar a conduta do médico, que já era alvo de denúncias internas. Para dar andamento ao processo, o MP realizou busca e apreensão ligadas a Delmar no São Camilo e também na casa dele. Os mandados foram cumpridos pela Polícia Militar, que encontrou uma espingarda irregular na residência do investigado. Delmar chegou a ser preso por posse ilegal de arma de fogo, mas pagou fiança de R$ 5 mil e vai responder em liberdade por este crime.
Todas as informações constam no processo aberto pela 2° Vara da Fazenda Pública.