A manifestação também serviu para relembrar a ditadura militar (1964-1985) e defender as urnas eletrônicas.

Centenas de pessoas ocuparam a Praça Santos Andrade, na região central de Curitiba, nesta quinta-feira (11), em um ato de proteção à democracia. Marcado por falas de repúdio ao governo de Jair Bolsonaro (PL), a manifestação também serviu para relembrar a ditadura militar (1964-1985) e defender as urnas eletrônicas.

A leitura da “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito” sinalizou mais uma mobilização dos movimentos sociais e sindicais em prol do processo eleitoral e rejeição aos ataques contra a democracia em todo o país neste 11 de agosto, data em que se comemora o Dia do Estudante.

A leitura pública do documento, que contava com mais de 900 mil assinaturas no início desta tarde, também levou milhares de pessoas ao Largo São Francisco, na  Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FD-USP), que completa 195 anos.

Em Curitiba, a coordenadora-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais do Ensino Superior no Estado do Paraná (Sinditest-PR), Mariane Siqueira, afirmou que o ato realizado na Praça Santos Andrade possui um simbolismo ao citar o Largo São Francisco, local onde foi lida a primeira “Carta aos Brasileiros”, no fim da década de 1970, a qual foi redigida pelo jurista Goffredo Silva Telles em repúdio ao regime militar.

“Assim como em 1977, lá no Largo São Francisco, teve a primeira leitura da carta defendendo o Estado Democrático de Direito contra a ditadura, hoje, neste mesmo dia, 11 de agosto, é tão simbólico para nós porque muitos daqueles de 1977 não estão mais vivos para ver esse movimento. Existe uma tentativa de golpe por parte do atual presidente, com convocação inclusive para o 7 de setembro, dizendo aos seus eleitores que esta data seria a última ida do povo às ruas”, disse, em tom de protesto.

Para o presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), Thales Zaboroslki, o ato é resultado de uma mobilização de movimentos sociais e sindicais que está presente no país desde a ditadura militar. O representante da classe estudantil destacou também o repúdio contra o atual governo.

“Se hoje a gente vive dentro de um Estado Democrático de Direito é porque os estudantes, durante a ditadura, tomaram a frente e foram às ruas pedir abaixo ao regime. Neste ano, em uma sábia decisão das entidades estudantis de se unificarem com todos os movimentos sociais e com a campanha ‘Fora Bolsonaro’, nós estamos aqui não só para comemorar o Dia do Estudante, mas também para pedir por eleições livres e pela garantia da democracia.”

Já a vice-presidente da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (APUFPR), Andréa Stinghen, fez críticas ao atual mandatário e defendeu a educação.

“Estamos aqui para defender a democracia, dizer que as urnas eletrônicas são seguras e reivindicar o funcionamento do Estado Democrático de Direito. Estamos vivendo um período de obscurantismo, de negação da educação, um dos pilares da sociedade”, afirmou.

Os manifestantes, sob gritos como “Fora Bolsonaro” e “Bolsonaro Genocida”, deixaram a Praça Santos Andrade cerca de duas horas após o início da concentração (18h30) e emitiram palavras de ordem em passeata por ruas de Curitiba.

Com a Banda B