A capitã Carolina Zancan, integrante da câmara técnica da patrulha Maria da Penha da PM, afirmou que participou, e acompanhou até o final, a ocorrência que aconteceu nesta terça-feira (13). Segundo ela, todos os protocolos médicos e administrativos foram adotados pela PM, desde o momento em que o policial ficou suspenso do trabalho operacional (nas ruas da cidade).
“Não é assim, o policial recebe uma alta, pode voltar a trabalhar e no outro dia alguém devolve a arma. Não, a PM segue um protocolo bem rígido de um período que o policial trabalha sem arma de fogo. Ele cumpriu este período por alguns meses e, durante este período, ele fica na convivência com os colegas de trabalho. A necessidade desse período se justifica justamente para que seja identificado se a pessoa realmente tem condições de voltar para o serviço operacional com arma de fogo. Nesse período não foi identificado nada que realmente chamasse/destacasse atenção para a questão deste policial”, iniciou.
Inicialmente, Dyegho foi afastado por 30 dias a partir de 28 de março. Foram “três meses de quarentena” em que o policial prestou serviços administrativos, sem o porte de arma. Depois disso, já no dia 28 de agosto, a junta médica da PM realizou uma nova avaliação e o considerou apto a recuperar o armamento.
Dentro do processo burocrático para a liberação do porte de arma, o policial teve direito a acompanhar os protocolos para saber quando a arma seria novamente disponibilizada. Situação que aconteceu nesta terça.
Em relação a cronologia dos fatos, a capitã Zancan lamentou a “trágica coincidência dos fatos” . Segundo a capitã, Franciele esteve na Delegacia da Mulher durante a tarde do último domingo (11), registrou um boletim de ocorrência (BO) e pediu uma medida protetiva contra o ex.
Dyegho e Franciele – Reprodução redes sociais Até então, de acordo com a PM , ela não havia feito isso. O prazo de análise de uma medida é de 48 horas após o juiz ser provocado a respeito, situação que foi deferida às 23 horas do mesmo dia.
“Um tempo fora do comum, mas saiu. Só que a medida protetiva só tem validade depois que o agressor foi notificado. C não havia sido notificado, assim como a PM não foi notificada de que havia medida protetiva contra esse cidadão. Ainda, no texto desta ordem judicial, não havia menção ligada a restrições para o uso de arma de fogo, mas sim, principalmente, a manutenção de distância/proximidade”, continuou.
Dia do crime Ainda de acordo com a capitã, Franciele esteve na Corregedoria-Geral da PM na tarde de terça-feira, dia do crime, e apresentou o documento sobre a medida protetiva. No entanto, no mesmo horário, de acordo com a PM, o policial estava retirando a arma no Quartel do Comando-Geral.
“Essa é a tragédia da situação. Os dois fatos aconteceram simultaneamente. Enquanto ela fazia a denúncia na Corregedoria, ele estava no Quartel retirando a arma. Não havia nenhuma restrição médica ou judicial para que isto não acontecesse. Logo após, por volta das 17h, é o momento em que ele encontrou ela e efetuou os disparos de arma. Ou seja, entre as 15h30 e as 17h, não houve tempo para que ninguém tomasse uma providência, nenhuma medida nesse sentido (…). Se tivéssemos um pouco mais de tempo, talvez evitássemos a situação”, falou Carolina.
Policial mata ex no Rebouças O policial militar Dyegho Henrique Almeida da Silva matou a tiros a ex-mulher, Franciele Cordeiro e Silva, no final da tarde desta terça-feira (13), na Rua Francisco Nunes, no bairro Rebouças, em Curitiba.
Após os disparos, ele se trancou dentro do Citroën C3 de cor branca com o corpo da vítima. Equipes policiais isolaram o local tentando negociar sua rendição até por volta das 21h15, quando o atirador tirou a própria vida com um tiro.
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