Procurada, a Polícia Penal informou que está ciente da denúncia e que o setor responsável está tomando as devidas providências para apuração dos fatos

Réu confesso pela morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, Edison Brittes Junior escreveu cartas e alega estar sendo torturado na Casa de Custódia de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. De acordo com denúncia da defesa, que foi comunicada ao Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen), Brittes é alvo de “tratamento degradante e desumano”, em especial de um ano para cá.

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Brittes escreveu algumas cartas a familiares para pedir socorro. Em uma delas, ele diz temer pela própria vida:

“Preciso sair daqui. Há um ano estou sendo torturado, isolado, tendo visita travada. Daqui a pouco, eles me matam e falam que me matei”, descreve.

Acusado pela morte do jogador Daniel, Edison Brittes está preso desde 18 de outubro de 2018. Ele foi denunciado por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, fraude processual, corrupção de menores e coação no curso do processo. O corpo de Daniel encontrado na zona rural de São José dos Pinhais.

Para o advogado de Brittes, Claudio Dalledone, as providências são imediatas.

“Ele está sendo subjugado e tendo um tratamento degradante por parte de alguns agentes do sistema penitenciário. Isso foi alvo e objeto de denúncias nossas, não só com boletins de ocorrência, como notícias de fato diretamente à promotoria da comarca [Piraquara], bem como a Corregedoria do Departamento Penitenciário e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)”, afirmou.

Procurada, a Polícia Penal informou que está ciente da denúncia e que o setor responsável está tomando as devidas providências para apuração dos fatos. A nota diz ainda que a Casa de Custódia de Piraquara é uma unidade automatizada. “Todos direitos e deveres das pessoas privadas de liberdade – PPL, previstos pela Lei de Execuções Penais – ALEP e pelo Estatuto Penitenciário do Estado do Paraná – AP/95, estão sendo cumpridas”, garante o órgão.

Ajuda internacional

Dalledone, por outro lado, promete procurar órgãos internacionais de proteção aos direitos humanos se algo não for feito.

“Os relatos dele são de agressões físicas e privação do que tem por direito, como alimentação, higiente, luz e um local adequadro, que não seja úmido. Ele tem sido mantido no castigo por muito tempo sem merecer. Não irei poupar esforços nesse caso, porque é intolerável o que está acontecendo”, concluiu.

O advogado pede a transferência imediata de Brittes até apuração das denúncias. Ele afirma ainda ter suspeitas dos motivos que levaram às agressões, mas que irá esperar indícios.

A Delegacia de Piraquara também investiga o caso.