A vida em uma kombi adaptada com cama, pia, fogão e banheiro foi um sonho que começou com a busca por uma forma de lidar com a dor da morte do filho


O casal curitibano, Flávio e Flaviane, vive há três anos em uma kombi colorida e sem endereço físico. É a realização de um sonho que começou a ser construído após a morte do filho Pietro, na época com apenas dois anos. Com a companhia da gata persa, Bella, a família caiu na estrada durante 700 dias, percorrendo mais de 24 mil quilômetros e passando por 17 estados brasileiros. Agora, o casal de sonhadores tem um novo objetivo: seguir viagem fora do Brasil e dessa vez conhecer a América do Sul (saiba como ajudar o Flávio e a Flaviane a concretizar esse sonho no final da matéria).

Flávio, Flaviane e a gata Bella na kombi, a casa da família (Foto: Reprodução/Instagram)

Pietro nasceu com uma doença rara, um erro cromossômico difícil de ser diagnosticado. Nem mesmo os médicos sabiam ao certo o que deveria ser feito para salvar a vida do garoto. “Nós fizemos tudo que podíamos por ele. Depois que ele faleceu, ficamos sem rumo, sem saber o que fazer da vida, que já não tinha mais significado. Por isso, decidimos mudar completamente e embarcar nessa aventura”, explicou a mãe, Flaviane.

Início

A busca por uma forma de lidar com a dor da perda do filho foi o pontapé inicial para o casal vender a casa, largar a carteira assinada e trocar o carro por uma kombi adaptada com cama, pia, fogão e banheiro.

A “Expedição Sol que Faltava”, como eles chamam a jornada a bordo da kombi, começou com uma viagem que saiu de Curitiba e seguiu pelo litoral brasileiro até os Lençóis Maranhenses, depois retornando em direção à capital paranaense descendo pelo Piauí e voltando ao litoral em Aracaju, capital do estado de Sergipe.

Flaviane, Flávio e o filho Pietro, que morreu quando tinha dois anos (Foto: Reprodução/Instagram)

De volta a Curitiba desde dezembro do ano passado, a transformação do casal é evidente para quem conheceu os dois anos atrás. A primeira parte da viagem trouxe muitas lições.

“O mais interessante desse tempo na estrada é que, no início, imaginamos que estávamos indo ver lugares e o que a gente passou a dar valor depois de um tempo foram as pessoas que fomos encontrando pelo caminho, as amizades que a gente fez, isso é o mais legal”, contou Flávio à Banda B.

Um ano e 11 meses sem endereço físico, tendo o espaço de uma kombi como casa e o mundo como jardim, exigiram adaptações. Porém, segundo Flaviane, o casal se acostumou rápido com o novo estilo de vida.

“Eu achava que seria mais difícil se adaptar, mas foi rápido. Pela questão de espaço, nunca sofremos. A kombi tem tudo que a gente precisa. No início, a gente tinha muita vergonha de chegar num posto, por exemplo, e pedir para encher a nossa caixa d’água ou pedir uma tomada. Superamos isso, teve essa transformação, da gente se abrir mais para conversar com as pessoas, sair da kombi e fazer amigos”, revelou Flaviane.

Livro

Além da expedição, a morte de Pietro inspirou Flávio, que é jornalista, a escrever um livro. “Colorido pelo Sol” é uma homenagem ao filho que conta um pouco da experiência de transformação e ressignificação que o casal passou vivendo com o garoto e após a partida dele.

 

“No livro, mostramos os desafios de ter um filho especial, a busca pelo diagnóstico, a culpa que você sente, o luto, questões de religião, vários pontos. Demorei muitos anos para conseguir colocar isso no papel. Foi terapêutico e doloroso”, descreveu Flávio à Banda B.

A obra está disponível no formato físico e digital (você pode comprar clicando aqui).

Flávio e o livro “Colorido pelo Sol” escrito por ele (Foto: Reprodução/Instagram)

A versão digital está sendo vendida pela Hotmart, uma plataforma em que qualquer um pode ser afiliado e vender produtos digitais cadastrados no site. No caso do “Colorido pelo Sol”, a comissão é de 50%.

Palestras motivacionais

Outra forma de conhecer mais a fundo a história do casal curitibano e o que eles aprenderam com tudo o que passaram são as palestras motivacionais. Tímidos, pegar em um microfone e falar ao público não estava nos planos e nem nos sonhos de Flávio e Flaviane.

Essa foi mais uma das surpresas e transformações da viagem.

 

“Depois da experiência com o Pietro, a gente já tinha esse desejo de compartilhar tudo isso, só que somos muito tímidos. Eu costumava deixar o livro em cafeterias e centros culturais das cidades por onde passávamos. Em um desses cafés, a nossa história chamou a atenção de uma cliente que trabalhava na Companhia de Gás de Sergipe. Ela chamou a gente pra compartilhar tudo que aprendemos com os colaboradores. Eles adoraram e nos indicaram para outras empresas”, lembrou Flávio.

Já foram mais de 30 palestras em ONGs, escolas, hospitais e empresas. Quem quiser contratar a palestra pode entrar em contato pelo perfil da expedição no Instagram clicando aqui ou diretamente com o Flávio pelo número 41 9915-3035.

América do Sul

Desde o Piauí durante o caminho de volta para Curitiba, uma sequência de imprevistos trouxe receio e esgotou as reservas financeiras do casal.

A kombi sofreu com diversos problemas mecânicos caros e importantes. A maresia e o longo período no litoral ainda danificaram a lataria.

Flávio, Flaviane e a kombi colorida (Foto: Reprodução/Instagram)

“Além da Kombi mambembe, o nosso trabalho não estava rolando. E a esperança era de que, por aqui, as coisas fossem andar. Estávamos enganados. Então resolvemos aproveitar a base de apoio que temos aqui em Curitiba, onde moram meus pais e irmãos, para nos reorganizar e nos recuperar financeiramente e arrumar tudo que a kombi precisa”, explicou o pai do Pietro.

A parada é momentânea, porque a segunda parte da viagem já tem data marcada: janeiro de 2024, com destino à Ushuaia, no extremo sul da América do Sul, conhecido como “fim do mundo”.

Do Ushuaia, a “Expedição Sol Que Faltava” pretende explorar a Argentina, Chile, Uruguai, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e todos os outros lugares que a kombi puder chegar.

Entre todos esses destinos, um deles é o mais esperado por Flávio e Flaviane.

“O Deserto de Atacama é o que eu mais quero conhecer, porque o Atacama e a kombi foram sonhos que nasceram juntos. Logo depois que o Pietro morreu, eu fui com a Flaviane em uma consulta médica e lá tinha uma revista de viagens. Numa foto de duas páginas estava o céu todo estrelado do Atacama. Aí eu falei pra ela que a gente tinha que ver aquilo com nossos próprios olhos”, recordou.

Como ajudar

Se você quer apoiar o casal em sua jornada de cura e transformação a bordo da kombi colorida, agora pela América do Sul, você pode comprar o livro, indicar a palestra em sua empresa, adquirir algum produto artesanal feito pela Flaviane ou fazer uma contribuição voluntária de qualquer valor pelo pix expedicaosolquefaltava@hotmail.com.

Fotos, vídeos e todas as novidades sobre a viagem você pode acompanhar pelo perfil no Instagram @expedicaosolquefaltava.

Para mais informações sobre a palestra, sobre como adquirir algum dos produtos ou qualquer outra dúvida, você pode entrar em contato com o Flávio pelo telefone/WhatsApp 41 9915-3035 ou enviar uma mensagem para o perfil @expedicaosolquefaltava.


Com a Banda B