O cliente que teve o corpo incendiado por um frentista em um posto de combustíveis no bairro Pilarzinho, em Curitiba, conversou com a Banda B nesta terça-feira (21). Em entrevista, com longo tom de desabafo, Caio Murilo Lopes do Santos contou o que aconteceu na tarde do último sábado (18) e diz esperar por justiça.

A gente não tinha costume de abastecer naquele posto, né? A gente abasteceu lá no ano passado, poucas vezes. Desde o ano passado eu não ia lá. E ali… em um dia comum, em um sábado comum, indo trabalhar, notei que meu carro ‘começou a pipocar’, ‘dar uma falhadinha’. Eu pensei: ‘é capaz que eu fique na rua. Vou entrar aqui e abastecer, né?’. E entrei. Cara, entrar naquele posto foi a pior coisa fiz porque aconteceu o que aconteceu.

Caio Murilo Lopes do Santos.
posto Pilarzinho Curitiba
“Entrar naquele posto foi a pior coisa que fiz”, diz Caio Murilo Lopes do Santos, homem que teve corpo incendiado por um frentista de um posto no bairro Pilarzinho, em Curitiba. Foto: Arquivo Pessoal/Colaboração Banda B

Caio explicou que a situação aconteceu após entregar a chave do carro para o frentista, que ateou fogo contra si. Enquanto o carro era abastecido, ele se dirigiu ao caixa do posto e efetuou o pagamento. Ao voltar, o cliente disse que recebeu a chave quebrada. Diante da situação, ele resolveu questionar o frentista sobre o detalhe, que teria negado ter quebrado a chave.

Ele falou que não, que não. Daí eu falei, quando eu gesticulo com o braço no vídeo: ‘como que não foi? Se eu te entreguei a chave em perfeito estado, né?’. E cheguei com o carro funcionando aqui. A chave que ele quebrou era que eu ligo na ignição, né? Não teria como eu ter chegado lá, se estivesse com a chave quebrada. E daí ele falou que não, que não e, em questão de segundos ali, nem deu muito tempo, jogou a gasolina em mim. No princípio achei que ele queria só me intimidar, né?! Me afastar do carro. E, de repente, que ele veio para cima de mim, quando ele veio para cima de mim, achei que ele queria apenas brigar, me bater, alguma coisa do tipo. Mas, não. Nesse tempo, ele pegou o isqueiro e acendeu.

Caio Murilo Lopes do Santos.

Imagens mostram o momento do crime neste posto de combustíveis, no bairro Pilarzinho, em Curitiba. No vídeo é possível notar que o funcionário joga a gasolina no cliente, enquanto segurava uma bomba de combustível, após uma discussão. Quando o fogo começou, outro frentista teria usado um extintor para combater as chamas e tentar salvar a vítima.

O frentista se apresentou à polícia nesta segunda-feira (20), de acordo com a advogada que o representa.

Veja as imagens aqui.

Desespero

Questionado sobre qual foi a sensação enquanto sentia o fogo sobre a pele, Caio foi franco e relatou o desespero. Ele disse ter se lembrado do caso recente que aconteceu em Mauá, na região metropolitana de São Paulo (SP), e sua única ação foi “tentar apagar o fogo” o quanto antes.

Veio aquela imagem na cabeça [caso de SP]. Eu pensei que não poderia deixar acontecer o mesmo comigo, né?! No instinto ali, naquela fração de segundo, foi o desespero mesmo de querer tirar a camiseta e dar um jeito de apagar o fogo com a mão, que foi onde queimou.

Caio Murilo Lopes do Santos.
Foto: Reprodução

O homem foi socorrido e levado ao Hospital Evangélico Mackenzie, local onde permanece internado com queimaduras de primeiro, segundo e terceiro grau. Atualmente, Caio vive na base de medicamentos como a morfina, para conter a dor diante das marcas que corpo possui após ser incendiado.

 

Estou com a minha barriga toda queimada, os braços, o braço esquerdo, mão, tudo. Só não pegou as pernas porque deu tempo do rapaz do posto mesmo pegar o extintor e apagar o fogo. Mas, porque eu também, nesse meio tempo, tirei a camiseta. Foi o meu instinto de querer sobreviver, de apagar o fogo. (…) O rapaz que apagou o fogo, se não fosse ele, eu não teria conseguido apagar o da calça e teria queimado muito mais.

Caio Murilo Lopes do Santos.

Justiça

No fim da entrevista, Caio foi franco e disse esperar que seja feita a justiça.

Que peguem ele. Que as autoridades vão atrás e prendam pelo crime que ele cometeu. Se fez comigo, ele pode fazer com outra pessoa. Né?! (…) Tem que ficar preso para, de repente, aprender.

Caio Murilo Lopes do Santos.


Com a Banda B