De acordo com Leonir Batisti, o expressivo aumento é objeto de preocupação do Ministério Público do Paraná (MPPR)


As mortes em confrontos com a polícia cresceram 17,3% em 2022, de acordo com dados divulgados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) nesta quinta-feira (2). Ao todo, foram 488 mortes, sendo 121 delas na capital Curitiba. Em entrevista coletiva, o procurador e coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, voltou a defender que as fardas tenham câmeras.


Em São Paulo, letalidade caiu com aplicação (Foto: Governo do Estado de São Paulo)

Para o levantamento, são contabilizadas as ocorrências com policiais civis, militares e guardas municipais. A maior parte dos registros vem de confrontos com policiais militares: 483 (75 mortes a mais do que o registrado em 2021). Também houve dois casos envolvendo policial civil (um em Guaíra e outro em Quitandinha) e três com guardas municipais (dois em Curitiba e um em Araucária).

Além de Curitiba, as cidades com mais registros são Londrina (50), Foz do Iguaçu (22) e São José dos Pinhais (18).

De acordo com Leonir Batisti, o expressivo aumento é objeto de preocupação do Ministério Público do Paraná (MPPR).

“Quando alguém fala preocupação, isso implica em fazer algo. Estamos tentando fazer apurações, sendo que algumas delas são mais complexas e outras mais simples. Um dos problemas, é que apurações demoram, sem falar sistema judicial, como nos casos de júri, que acabam sendo bastante demorados. Medidas estamos tomando e mantemos permanente contato com as polícias, até para olhar pelo ângulo deles e saber o que é possível fazer. Um dos fatores que nos apontam, é a disposição de facções de enfrentarem as polícias”, descreveu.

Câmeras nas fardas

Um dos pontos mais discutidos, é a implantação de câmeras nas fardas policiais. Para o coordenador do Gaeco, é inegável que a medida pode resultar na redução dos números.

“Muitas vezes a pessoa reclama da atitude do policial e, com as câmeras, logo a mentira pode ser evidenciada. Mas também é um projeto do interesse do sistema legal, para exigir que as forças de segurança hajam com firmeza, mas nos limites impostos pela lei”, concluiu.

Balanço

Nos confrontos com policiais militares, 247 vítimas eram pardas (51%), 33 negras (7%) e 203 brancas (42%).

Em relação à faixa etária, 287 vítimas em confrontos com policiais militares tinham entre 18 e 29 anos (59,42%) ; 166 tinham idade entre 30 e 59 anos (34,37%) e 30 tinham entre 13 e 17 anos (6,21%).