Professora ficou seminua em meio a um protesto contra racismo no supermercado; presidente Lula se pronunciou sobre o caso nesta segunda-feira (10)


A professora Isabel Oliveira, de 43 anos, que ficou seminua em protesto a um episódio de racismo sofrido por ela em um supermercado da rede Atacadão (grupo Carrefour), registrou um boletim de ocorrência na tarde desta segunda-feira (10). A Polícia Civil informou à Banda B que um inquérito foi instaurado para apurar a denúncia.

Professora tirou peças de roupas e protestou pelos corredores do supermercado – Foto: Reprodução

Acompanhada de uma advogada, Oliveira esteve na Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil.

“Foi colhido o depoimento dela, registrado o boletim de ocorrência e instaurado o inquérito policial. Durante a semana, a DHPP vai ouvir testemunhas, funcionários, seguranças, gerente e vai coletar imagens de câmeras de segurança”, afirmou a delegada Camila Cecconello à reportagem.

Relembre o caso

O ato de protesto protagonizado pela professora foi registrado em um supermercado da rede Atacadão, no último sábado (8), no bairro Parolin, em Curitiba (PR). Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o momento em que ela tira peças de roupas e fica seminua para continuar fazendo compras (assista abaixo).

Ela alegou que foi seguida por um segurança do estabelecimento e, horas depois, decidiu retornar ao local apenas de calcinha e sutiã. “Sou uma ameaça?”, escreveu a professora em seu corpo.

“Fui tratada como se fosse uma marginal, fiquei sendo seguida pelo segurança do supermercado por mais de meia hora. Isso não pode ser normal”, denunciou em vídeo, aos prantos.

O que diz o Carrefour

Em nota, o Carrefour informou à Banda B que não tolera “qualquer tipo de racismo” e que irá apurar o caso. Afirmou também que o segurança apontado por Isabel seguirá afastado até a conclusão da apuração. Veja a nota na íntegra abaixo:

“O Grupo Carrefour Brasil está completamente comprometido com uma total transparência e segue postura de tolerância zero contra qualquer tipo de racismo.

A companhia abriu apuração interna sobre o caso e suspendeu o funcionário indicado pela senhora Isabel durante esse período de investigação. Imagens internas das câmeras da loja serão disponibilizadas às autoridades.

O Grupo Carrefour Brasil é uma empresa brasileira de capital aberto com 47 anos de presença no país, a maior empregadora privada do Brasil, com mais de 150 mil colaboradores, e comprometida com uma extensa agenda antirracista.

Presidente Lula reage

presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou publicamente o Carrefour nesta segunda-feira pelos casos de racismo registrados em unidades da rede de hipermercados. De acordo com o chefe do Executivo, o Carrefour cometeu o crime e isso não será admitido no País.

Foto: Ricardo Stuckert/PR

“O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Mais um crime. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compra, achando que ela ia roubar. Ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que não ia roubar”, disse o presidente em reunião ministerial no Palácio do Planalto para marcar os 100 dias de governo. “Se eles querem fazer isso no país de origem deles, que façam, mas não iremos permitir que eles ajam assim aqui”, acrescentou.

Em novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour de Porto Alegre. Os acusados pela morte de Beto Freitas, como ficou conhecido, irão a júri popular, conforme decidiu o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Com a Banda B