Justiça condena ex-vereadora de Araucária por “rachadinha”

O fantasma das “rachadinhas” voltou a assombrar a política paranaense. A ex-vereadora Adriana Cocci, de Araucária, foi condenada pela Justiça a sete anos e seis meses de prisão em regime semiaberto e a devolver mais de R$ 760 mil aos cofres públicos. A decisão é da juíza Patrícia Mantovani Acosta, da 1ª Vara da Fazenda Pública do município.

Além da pena e da devolução do dinheiro, Adriana também teve os direitos políticos suspensos por oito anos e perdeu qualquer função pública que eventualmente ainda exerça. A condenação decorre de uma ação de improbidade administrativa por suposta prática de “rachadinha” durante seu mandato na Câmara Municipal, entre 2013 e 2016.

Segundo a sentença, Adriana exigia parte do salário de servidores comissionados indicados por ela na Prefeitura de Araucária — prática que teria ocorrido principalmente entre 2013 e 2014. O Ministério Público afirma que, com base na quebra de sigilo bancário e fiscal da ex-vereadora, ela teria embolsado cerca de R$ 10 mil por mês.

Uma funcionária do gabinete também foi apontada pelo MP como participante do esquema. No entanto, a juíza absolveu a servidora na ação de improbidade, embora ambas tenham sido condenadas na esfera criminal por concussão — crime que ocorre quando um agente público exige vantagem indevida em razão do cargo. O Ministério Público já anunciou que vai recorrer da absolvição na ação cível.

Na esfera penal, Adriana recebeu a pena de sete anos e seis meses de prisão em regime semiaberto, enquanto a servidora foi condenada a sete anos e dois meses no mesmo regime.

Adriana Cocci teve uma trajetória política expressiva em Araucária: foi eleita vereadora em 2008, com 2.409 votos, tornando-se a mulher mais votada da cidade à época. Em 2012, garantiu a reeleição com 2.196 votos, mas sua carreira pública acabou manchada por um dos crimes mais simbólicos da deterioração ética na política local.

Nos bastidores, o caso é visto como mais um recado do Judiciário à velha prática de “rachadinha” que insiste em sobreviver em gabinetes municipais. A condenação de Adriana Cocci deve repercutir entre lideranças políticas da região metropolitana, onde o tema corrupção ainda é uma ferida aberta.